DETECTAR PROBLEMAS NA REDE 

O objetivo deste capítulo é ajudar a detectar problemas numa rede, estabelecer os sintomas do problema, identificar áreas afetadas e implementar uma solução. Para detectar eficientemente problemas em computadores ou em redes, é necessário exatamente o mesmo que para qualquer outro trabalho ou profissão: experiência e prática. Neste capítulo vamos tentar descrever alguns dos problemas mais comuns que podem acontecer no dia a dia de quem tem a responsabilidade de ter uma rede a trabalhar. Muitas das soluções são simples e óbvias, mas algumas resultam precisamente da experiência de trabalhar com redes de computadores e que por vezes só se descobrem quando as situações são críticas. Como é lógico, não vamos cobrir exaustivamente todos os problemas que podem surgir numa rede, mas vamos tentar cobrir pelo menos os mais comuns.

 

DETECTAR O PROBLEMA

            A detecção de avarias nas rede pode ser, até certo ponto, assustadora. Por isso o melhor é tentar reduzir ao máxima a fonte do problema; para tal, devemos verificar alguns pontos-chave, começando preferencialmente pelo mais simples.

Ao referir coisas simples, são mesmo coisas simples, aquelas de que normalmente ninguém se lembra, como, por exemplo: O utilizador fez o login corretamente? É muito fácil o utilizador enganar-se a introduzir o seu nome ou a palavra-passe e depois insistir que não tem rede porque o sistema não o valida como utilizador. Não esquecer que isso pode também ser devido a restrições ao nível da própria rede – é possível limitar os acessos de um utilizador a partir de determinadas horas, ou mesmo num determinado intervalo de tempo(hora de almoço, por exemplo), por isso convém verificar isso antes de avançar para outras soluções.

Um outro processo simples para verificar o funcionamento da rede é através dos LED indicadores, quer da placa de rede, quer do hub ou switch. Normalmente as placas de rede têm um ou mais LED que nos poderão indicar como está a atividade da rede – quando existe uma ligação entre a placa e um hub ou switch acende-se um LED, normalmente verde, na placa de rede; esse LED geralmente fica permanentemente ligado. Na grande maioria das placas existe também um segundo LED, que pode ser verde ou amarelo, e que acende quando existe tráfego na rede, daí que seja normal piscar. Podemos ainda encontrar um terceiro LED, que pode ser vermelho ou amarelo, e que indica se existem colisões na rede (Figura 8.1).

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figura-(Placa de rede)

 

O LED referente às colisões na rede, além de poder existir na placa de rede, existe de certeza no hub ou switch e quando acende é sinal de que ocorreu uma colisão de dados. Essas colisões são relativamente normais; se observarmos os LED indicadores de um switch vemos os LED referentes à indicação de colisão piscar com alguma frequência. No entanto, se esses mesmos LED permanecerem acesos continuamente, aí já temos problema, que pode ser provocado por uma avaria numa placa de rede ou noutro dispositivo de rede. Para detectar qual a placa ou dispositivo que está provocando essas colisões, o processo mais simples é desligar no switch os cabos um a um até que a situação volte ao normal. Normalmente quando desligamos o cabo correspondente ao dispositivo que provoca o problema, os LED passam a piscar a uma cadência normal. A dificuldade pode estar no caso de termos mais de um dispositivo com deficiência, o que já não é tão vulgar mas pode acontecer. Nesse caso, fica ao critério do técnico desligar um ou mais de cada vez para detectar qual, ou quais, provocam as colisões.

No entanto, essas colisões podem também ser provocadas por software. Vejamos como exemplo um caso que conhecemos: num sistema com uma base de dados SQL deu-se uma sobrecarga de tráfego na rede com colisões permanentes e subsequente degradação de performance. Após fazermos todos os testes ao hardware, foi deletado um worm que afetou o motor de base de dados e provocou um aumento de tráfego tal na rede que quase paralisava toda e qualquer operação do software. Por isso nunca se deve descartar a hipótese de o problema não ser de hardware.

Uma outra causa de aparente falha na rede pode ser provocada por um firewall mal configurado. Isso torna-se relativamente vulgar hoje em dia com o aumento de uso dos firewalls por software. Muitas vezes elas impedem a comunicação dentro da própria rede. Caso seja possível a comunicação de um computador para o resto da rede, mas não seja possível aceder a esse computador de qualquer um dos outros, deve verificar se tem o firewall ativo e como está configurado.

Outro aspecto que deve ser logo verificado é um dos que normalmente se vai ver em último lugar, mas que por vezes também tem lugar, por incrível que pareça. Será que todos os dispositivos da rede estão ligados na respectiva tomada? Pode parecer exagerado, mas acontece com alguma frequência o utilizador não perceber que um cabo de alimentação está desligado e, como é lógico, a culpa é invariavelmente do equipamento que estragou. Assim devemos confirmar se está tudo devidamente ligado. Não devemos esquecer que o inimigo público número um dos cabeamentos de rede e aparelho elétricos e eletrônicos é a “Senhora da limpeza”.

É comum, quando as pessoas começam a trabalhar de manhã, terem um ou mais cabos desligados, sejam cabos de rede ou cabos de alimentação, principalmente em locais onde não existe cabeamento estruturado ou não há circuitos de corrente específicos para ligar os computadores.

Nos sistemas operacionais atuais já temos um ótimo indicador que ajuda a solucionar problemas de rede provocados por cabos de rede desligados(como podemos ver na Figura 8.2). Quando temos o cabo de rede desligado, imediatamente o sistema avisa. No entanto, isso só é valido se o cabo estiver desligado no respectivo computador ou o cabo correspondente no switch.

 

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Figura da direita
 Computador com cabo de rede ligado e desligado

 

Por último, podemos ainda ter um cenário bastante comum – o usuário pura e simplesmente estar fazendo asneira. Há uma expressão que traduz esse tipo de erro: BIOS(“Bicho Ignorante Operando o Sistema”).

Não convém contar isso ao usuário porque ele pode ficar aborrecido. No entanto, antes de culpar o desgraçado por todo o mal do mundo convém pedir-lhe que reproduza o “erro” para confirmar que é mesmo assim.

A solução para resolver um problema de hardware após detecção é normalmente a substituição do mesmo, no entanto, por diversas vezes basta fazer a atualização de drivers, verificar se o erro ocorreu após a introdução de uma qualquer nova placa ou alteração ao hardware e, nesse caso, verificar se existem conflitos de endereços de I/O, DMA (Direct Memory Access) ou IRQ. Por vezes, um dispositivo mal instalado pode provocar grandes dores de cabeça.

No entanto, se a falha é mesmo do hardware convém ter um dispositivo ou uma máquina de substituição para o caso de a resolução do problema ser demorada.

Os problemas de software podem ser muito mais complicados, principalmente se forem falhas aleatórias. Alguns problemas podem ser provocados por erros do sistema operacional ou de um software qualquer que esteja instalado na máquina.

No caso de erros de sistema operacional, e aí quase certeza que estamos falando de Microsoft Windows, seja qual for a versão, podemos nos socorrer no site da Microsoft, principalmente do TechNet, que normalmente tem artigos técnicos bastante bons e que se podem tornar bastante úteis.

Não devemos nunca esquecer a velha máxima da informática: desligar o computador e voltar a ligá-lo por vezes opera milagres. Apesar de se brincar muito acerca disso tem a sua razão de ser. Por vezes a memória fica fragmentada após a abertura e encerramento de muitos programas, ao desligar o computador forçamos a limpeza da memória e liberamos espaço.

Caso a falha tenha ocorrido após a instalação de um software qualquer, experimente removê-lo e ver se o problema se mantém, caso isso não aconteça consulte o site do fornecedor ou o próprio para que lhe forneça a solução, por vezes basta uma pequena atualização para resolver o problema.

Outra questão a determinar é se o problema reside num posto de trabalho ou no próprio servidor de rede. Uma das formas de verificar isso é ver quem é afetado: um só posto ou usuário, ou vários. Caso seja só um, o problema muito provavelmente reside na estação de trabalho ou na conta do usuário. Se o problema residir ao nível do servidor, então certamente vários ou todos os usuários terão o mesmo tipo de problema.

No caso da primeira hipótese deve-se tentar fazer o login do usuário noutro posto de trabalho; caso consiga fazer sem problemas, então o problema está no posto de trabalho em si e é aí que deve se concentrar para resolver o problema.

Por outro lado, no caso de o problema ser provocado pelo servidor – e aí podemos ter várias causas, desde servidor bloqueado, contas de usuário bloqueadas, limite de usuários atingidos, etc. -, é importante consultar os registros do sistema operacional; no caso do Windows o Visualizador de Eventos pode nos dar informações preciosas.

Por vezes o problema pode residir num só segmento da rede, pelo que se deve verificar o switch correspondente a esse segmento.