Empresa em Porto Alegre tem profissionais da Física, História e até Educação Física, que trocaram de profissão por mais oportunidades.

 

Uma das saídas para a crise é saber se reinventar. Uma pesquisa recente realizada pela Catho, plataforma online de oferta de vagas, entre 2015 e 2016, aponta que passou de 9% para 11% o percentual de candidatos que buscaram oportunidades fora da área original. Já o percentual de candidatos para vagas somente dentro da área de atuação caiu de 28% para 20%. Nesse contexto, a TI (tecnologia da informação) aparece como uma das principais alternativas, pois segundo a pesquisa Habilidades de Rede na América Latina (Network Skills in Latin America, em inglês), de agosto de 2016, encomendada pela Cisco, até 2019 a América Latina terá uma lacuna de quase 500 mil profissionais em TI e o Brasil é o país com a maior falta de trabalhadores nessa área.

 

Em Porto Alegre, a fabricante de software DBServer, que atua há 23 anos no mercado e trabalha com clientes de grande porte, como Ipiranga, Lojas Renner, Randon e Zaffari, é um exemplo dessa mudança. Paulo Roberto Koch Júnior, hoje testador de software na empresa, chegou a trabalhar com Arqueologia depois de se graduar em História. Tentou atuar como professor, mas encontrou dificuldades para conseguir trabalho na área, então decidiu seguir a indicação de um amigo que comentou sobre as oportunidades no setor de tecnologia.

 

“Olhando pelo viés financeiro, o setor de TI é muito mais atrativo do que qualquer outro, especialmente do que a carreira de professor”, explica Paulo.

“Porém, mudar de área só pelo dinheiro é relativo, porque se a pessoa não se adaptar, pode acabar frustrada, por isso que meu conselho é investigar bem antes de trocar”.

 

Gabriel Lima Zigue também optou pela mudança. Formou-se em Física e chegou a iniciar um mestrado na área, mas não enxergou perspectiva na carreira acadêmica. “Com a crise, há menos espaço para pesquisa nas universidades, então abandonei. Aqui na empresa, hoje, tenho muito mais chances de crescer”, avalia.

 

No caso de Paulo Silva Fernandes, analista de testes da filial de São Paulo da DBServer, a formação em Educação Física foi utilizada por alguns anos. Porém, acabou sendo dispensado do trabalho. Chegou a ter experiência em outras áreas antes da TI até receber uma proposta de um cargo em parametrização de sistemas. Na DBServer desde junho, quer continuar investindo em sua formação na área de testes de software. “A tecnologia evolui todos os dias. Portanto, todos os dias temos algo novo para aprender, gosto muito disso. A área de testes é totalmente motivadora. Para ser um testador de software, você precisa ser funcional, entender o negócio e não o desenvolvimento”, conclui.

 

Para o professor e coordenador do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade QI, João Moreira, essa migração é natural no setor de tecnologia. Ele próprio viveu essa experiência. “Fiz minha graduação em Relações Públicas, mas troquei de profissão porque ganharia praticamente o dobro e tinha mais perspectivas de trabalho”, comenta. Há 13 anos trabalhando no ensino da tecnologia, Moreira já viu passar pela sala de aula profissionais de diversas áreas, desde advogados até nutricionistas. “Mesmo em época de crise, o setor de tecnologia é superaquecido. É comum vermos pessoas trabalhando em dois até três lugares ao mesmo tempo”, complementa o professor.

 

Fonte: Melissa Resch